Imprimir em qualquer lado, a partir de qualquer plataforma e em qualquer altura é um cenário cada vez mais real nos dias que correm. A necessidade de ter um cabo USB a ligar o computador portátil à impressora parece cada vez mais algo absurdo, já que os dispositivos multifunções começam a oferecer de série ligações sem fios, para que possa dar ordem de impressão do seu documento para a impressora do escritório de casa enquanto está confortavelmente sentado no sofá da sala.
Mas a evolução dos sistemas de impressão não se fica por aqui. Mesmo neste ambiente de utilização, existem restrições óbvias - o computador com o documento tem de estar registado na mesma rede wireless da impressora. Este facto implica uma proximidade física que nem sempre é possível garantir. Se não estiver em casa, como poderá enviar aquela folha de Excel com as despesas para a impressora? A resposta mais simples é: através do cloud printing, um sistema que lhe permite imprimir para determinada impressora que está lidada à nuvem. Sem controladores, sem cabos, sem complicações.
A Google foi das primeiras empresas a compreender as valências do cloud computing. Ao apresentar o Google Docs, a companhia apostou numa estratégia arriscada, mas com visão de futuro.
A partir de então, os seus esforços de "evangelização" dos utilizadores revelaram-se frutíferos. Hoje, todos compreendemos as mais-valias de usar o Google Docs e de manter os documentos na nuvem, acessíveis através de qualquer plataforma e em qualquer lugar. E sim, deu especial atenção aos documentos do Microsoft Office.
Mas o gigante norte-americano deu mais um passo que reforça a sua estratégia decloud computing.
No sistema operativo Google Chrome OS, todas as aplicações estão baseadas na Net. Desta forma, a Google considera essencial que também a impressora faça parte deste ecossistema Web, para que não se transforme num ponto de estrangulamento - assim seria se o utilizador conseguisse utilizar a internet para todas as suas tarefas e depois tivesse limitado ao acesso físico a uma impressora, por exemplo.
O cloud printing apresenta-se, desta forma, como uma opção inteligente. As aplicações já não necessitam de uma impressora física e dos respectivos drivers. O utilizador sujeita o trabalho a impressão (quer seja através do computador, como de um telemóvel, por exemplo) e o Google Cloud Print encarrega-se de enviar o pedido de impressão para o dispositivo apropriado, garantindo ainda o acesso a opções de impressão e ao estado da mesma.
Se está neste momento a questionar - e bem - sobre que impressoras pode usar, fique desde já a saber que as limitações da lista têm que ver com restrições técnicas.
Existem, para já, impressoras "web-connected". São impressoras ligadas, por exemplo, à sua rede doméstica e às quais pode aceder através da net. No entanto, uma vez que não conseguem "falar" com serviços de cloud printing, não têm a capacidade de processar trabalhos provenientes da nuvem.
A Google assume que é possível conseguir que estas impressoras tenham essa capacidade. Para tal, é necessário recorrer a um proxy - uma pequena aplicação instalada no PC onde a impressora está instalada - para que se consiga registar o dispositivo no serviço Google Cloud Print.
De resto, os utilizadores do browser Google Chrome têm já à sua disposição a oportunidade de imprimirem para a nuvem. Basta activar a opção Google Cloud Printno browser e a sua impressora ficará disponível, desde que esteja ligada ao PC de casa e este esteja online.
Para além da Google
A HP tem uma proposta tecnológica na área do Web Print, a que chama ePrint.
Este sistema baseia-se no princípio de que quem tem acesso ao email, consegue imprimir.
Desde que o utilizador tenha acesso a um dispositivo HP que suporte a tecnologia ePrint , consegue imprimir a partir de qualquer parte, utilizando qualquer computador ou dispositivo móvel como um smartphone (não é necessária a instalação de controladores adicionais). Para tal, é apenas necessário que o utilizador registe a impressora no portal do serviço ePrint.
Depois de realizado o registo, o fabricante atribui um endereço de email ao dispositivo e este fica disponível, desde que esteja ligado à maior das redes. A HP testou a compatibilidade de gestores de email como o Outlook 2003, 2007, Hotmail, Yahoo! Mail, Gmail, Apple Mail (iPhone, iPad, Macbook, MacbookPro ), cliente deemail BlackBerry e cliente Nokia/Symbian (Nokia). Há um limite total de 5 MB aoemail, incluindo anexos. O HP ePrint suporta um máximo de 10 anexos num únicoemail.
Quando quiser imprimir um documento, o utilizador tem somente que enviar uma mensagem de email para o endereço electrónico da impressora, que responde alguns minutos depois confirmando a ordem de impressão. Se a impressora estiver desligada, o trabalho não se perde. As ordens de impressão ficam guardadas numa fila de impressão com uma validade de 24 horas.
De resto, este conceito de impressão é partilhado até certo ponto pela Apple e pelo seu AirPrint .
Recorrendo ao iPad, iPod Touch ou ao iPhone 4, o utilizador consegue usar esta funcionalidade de impressão sem fios. Em caso de necessidade, o iPad procura automaticamente impressoras que suportem AirPrint dentro da rede sem fios em que está registado.
Não implica a instalação de controladores de impressão nem de software adicional e é compatível com dezenas de impressoras Photosmart e OfficeJet da HP. Como é sabido, a Apple faz questão de manter as suas estratégias no segredo dos deuses, pelo que não se sabe muito sobre as iniciativas nesta área. No entanto, o facto de se saber que o próximo sistema operativo Apple poderá vir a ter muitos recursos na nuvem dá a entender que também o cloud printing será uma área que vai continuar a explorar…
A Epson tem o cloud printing debaixo de olho. Numa entrevista que Hiromi Taba, presidente para a Europa, deu ao Tek , o responsável pelo mercado europeu explicou que as preocupações da empresa nipónica passam por garantir sistemas inteligentes de gestão documental e garantiu que os próximos produtos da empresa japonesa vão suportar cloud printing. Hiromi Taba afirmou que "o cloud printing está a tornar-se muito importante tanto para os consumidores, como para as empresas" e sublinhou que a Epson tem este facto em mente "quando desenvolve produtos".
"A Samsung está ligada ao conceito de cloud printing desde o início". Quem o diz é Gonçalo Costa, responsável de marketing da SEP Printing Operation da Samsung Electrónica Portuguesa.
A marca apresentou no último mês de Janeiro a Samsung MobilePrint, uma solução de impressão móvel que pode ser instalada em smartphones e tablets Android e iOS, permitindo que os consumidores liguem directamente a impressoras sem fios da marca através de Wi-Fi ou ligações de rede.
A aplicação está disponível no Samsung Apps e no Google Market, para smartphonese tablets Android e dispositivos baseados em iOS. Não necessita de instalação dedrivers ou de configuração adicional.
A MobilePrint permite ainda aos utilizadores receber e editar documentos digitalizados em impressoras. Basta capturar documentos numa impressora multifunções Samsung e enviar para um dispositivo compatível.
Também para a Oki o cloud printing é uma área onde apostar. Segundo Sofia Velasco, corporate marketing & communication manager da OKI em Portugal, a empresa está a desenvolver a nível internacional uma aliança com uma estratégia clara: "estender a sua oferta de forma completa e extensa na área de impressão móvel, através do cloud printing".
O objectivo passa por "permitir que os clientes imprimam e façam a festão de documentos facilmente num equipamento OKI via móvel e wireless". Muito embora ainda não se saiba para quando está pensada a aplicação prática da estratégia nohardware e serviços, a mesma fonte garante que será "num futuro próximo".
Dentro do mundo das fabricantes de impressoras há ainda outras alternativas. Aplataforma imageRunner Advance Cloud Connect da Canon - especialmente criada para utilização profissional e empresarial - foi optimizada para permitir que os seus utilizadores se possam ligar, directamente, a serviços na cloud.
Esta extensão grátis ao serviço imageRunner Advance permite às empresas a simplificação dos processos, disponibilizando digitalização e armazenamento de documentos em Microsoft SharePoint Online ou Google Docs, a partir do próprio equipamento multifuncional e sem a necessidade de recorrer a um computador.
Os dados armazenados podem, em seguida, ser usados por vários utilizadores simultaneamente, independentemente do local, e a partir de uma variedade de plataformas, incluindo um PC, um telemóvel ou smartphone, ou serem impressos directamente a partir do equipamento imageRunner Advance.
Nesta altura, ainda não são conhecidas as iniciativas de cloud printing da Canon para a área de impressoras para o utilizador doméstico.
A Ricoh conta também com uma solução baseada no conceito de impressão na nuvem. Chama-se Ricoh HotSpot printing e baseia-se na disponibilização de impressoras laser (os modelos que suportam cloud printing) em hotspots.
O visitante tem apenas que usar o seu computador portátil ou smartphone para dar a ordem de impressão - sem ser necessário instalar drivers ou software adicional.
Assim, torna-se possível o seguinte cenário: o utilizador está atrasado e não tem tempo de imprimir o cartão de embarque antes de se dirigir para o aeroporto. Simples: acede ao email onde tem o documento e enviar a ordem de impressão para a impressora que está colocada no hotspot do aeroporto. Depois, basta levantar o bilhete de avião.
E a segurança? Bom, uma vez que esta tecnologia funciona com equipamentos que garantem controlos de segurança de impressão - precisam de, por exemplo, um código secreto - o documento só é impresso quando o utilizador estiver ao lado da impressora.
Fonte: sapo.tek
